Opinião

Opinião - José Richard

A questão das barcas merece uma tomada de posição mais séria das autoridades


Por José Richard

03/07/2020 - Edição 1996

Essa questão das barcas merece uma tomada de posição mais séria das autoridades. É impossível entender como um sistema de transporte de massa e importante para o deslocamento da população insulana seja boicotado pela empresa concessionária contando com a absoluta inércia do governo estadual, autoridade responsável pela concessão.

Nesses tempos de pandemia, que já se prolongam pelo quarto mês, a decisão da empresa CCR, que administra as linhas de transporte marítimo de passageiros na Baía de Guanabara foi suspender os serviços entre a Ilha do Governador e o Centro, prejudicando seriamente a locomoção dos trabalhadores cujas atividades são essências para a continuidade da vida na cidade. Recentemente o serviço voltou com poucos horários, os quais não atendem as verdadeiras necessidades dos insulanos.

Mesmo não sendo nenhum exemplo de eficiência, e tampouco as embarcações serem modernas e velozes, o serviço é essencial, no mínimo como alternativa para sair da Ilha, sobretudo quando há congestionamento na Estrada do Galeão ou Linha Vermelha. Quando isso acontece, ficamos literalmente ilhados, enquanto barcas de mais de mil passageiros estão paradas nos cais por absoluta falta de iniciativa daqueles que deveriam tomar conta do bem estar da população. Aliás, com a paralização das barcas durante a pandemia, os insulanos ficaram à mercê das aglomerações em viagens de ônibus lotados, fato que colocou a saúde de todos os passageiros em risco pela facilidade de contaminação pelo coronavírus.

É irresponsável e decepcionante a atuação da empresa que já demonstrou em outras ocasiões nenhuma sensibilidade para a gestão pública atuando numa atividade tão importante e séria para a rotina dos insulanos. A CCR é grande e poderosa, mas não parece ter senso da importância e responsabilidade com as vidas que prejudica e do mal que pratica, seja por omissão ou absoluta convicção de que assim lucra mais. Uma pena que estejamos nas mãos de empresários com essa visão medíocre e insensível.