Opinião

Opinião - José Richard

A demora da Cedae em admitir os problemas é inacreditável


Por José Richard

17/01/2020 - Edição 1972

A Cedae deveria ter tomado providências imediatas para controlar a contaminação da água
A Cedae deveria ter tomado providências imediatas para controlar a contaminação da água

Não conheço os protocolos para situações graves no abastecimento de água de uma cidade como o Rio de Janeiro que hoje beira quase 7 milhões de habitantes. Imagino que existam. Mas é inacreditável que a Cedae tenha demorado tanto tempo para admitir os problemas na qualidade da água que distribui à população, colocando em risco a saúde, sobretudo de crianças e idosos, que são as criaturas mais frágeis e sensíveis às impurezas de bactérias.

Se os mananciais no Rio Guandu estão terrivelmente contaminados por esgoto e algas a culpa pode não ser da Cedae, mas o monitoramento da qualidade da água que entra para o tratamento, na fantástica estação de tratamento que abastece a cidade, acredito que deve ser rigoroso e permanente. Imagino que ao detectar anormalidades deveriam ter sido tomadas providências imediatas, como alterar o processo de tratamento ou interrompê-lo e em seguida comunicar aos órgãos de imprensa para que a população fosse informada, evitando riscos à saúde dos desavisados.

Pior foi não admitir a gravidade do problema mesmo quando os consumidores começaram a reclamar do cheiro e da água barrenta nas torneiras, que se prolongou por diversos dias. Fontes alternativas de água potável em fontes naturais nas cidades vizinhas poderiam ter sido acionadas imediatamente para que o caos não acontecesse nos mercados cujos estoques de água sumiram durante a semana, provocando irritação, desespero e a ação de aproveitadores que alteraram os preços, sacrificando ainda mais a população pobre e causando prejuízos a todos nós pelo inacreditável conjunto de erros.

As desculpas não resolveram, mas reforçaram a desconfiança.