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Manobras radicais atraem ciclistas

Mais do que pedalar por prazer nas ruas do bairro, um grupo de adolescentes se uniu por um gosto em comum: fazer manobras radicais sobre a bicicleta. Transpor vários tipos de percursos com diversas irregularidades, descer escadas em alta velocidade e voar sobre obstáculos é o objetivo do esporte que é conhecido como downhill ou mountain bike. A modalidade nasceu na Califórnia, mas na Ilha as feras da bike começaram a se reunir na pista de manobras do Aterro do Cocotá há três anos.


06/01/2012 - Edição 1553

Parte do grupo de jovens da "Bike Ilha" que pratica mountain bike no Aterro do Cocotá
Parte do grupo de jovens da "Bike Ilha" que pratica mountain bike no Aterro do Cocotá

Mais do que pedalar por prazer nas ruas do bairro, um grupo de adolescentes se uniu por um gosto em comum: fazer manobras radicais sobre a bicicleta. Transpor vários tipos de percursos com diversas irregularidades, descer escadas em alta velocidade e voar sobre obstáculos é o objetivo do esporte que é conhecido como downhill ou mountain bike. A modalidade nasceu na Califórnia, mas na Ilha as feras da bike começaram a se reunir na pista de manobras do Aterro do Cocotá há três anos.

 

Interessado em praticar o esporte, Bruno Nunes começou a comprar peças para montar uma bicicleta apropriada para suportar o impacto das manobras. Morador da Portuguesa, Bruno tem 20 anos e quando resolveu se arriscar na pista do Aterro se juntou a outros que também estavam aprendendo o esporte de forma auto-ditada.

 

– A gente chegava na pista e ia aprendendo uns com os outros, assim surgiu a amizade. Comprávamos peças na mesma loja de bicicletas, a Star Bike, e o dono, que é praticante do esporte, deu um incentivo. Para não ficar só aqui, começamos a dar nossos "rolês" pela Ilha e explorar escadas, morros e lugares que desafiassem os saltos. Com o tempo cada vez mais ciclistas se juntavam a gente – explica Bruno.

 

Para praticar a modalidade é necessário ter uma bicicleta resistente e usar diversas proteções, pois as quedas no downhill são recorrentes e podem machucar facilmente. "É caindo que se aprende as técnicas. A gente conhece o praticante de downhill olhando os machucados da canela. Com o tempo conseguimos nos proteger em caso de queda e também caprichamos na proteção com óculos, capacete, joelheira, caneleiras e roupas adequadas", explica Bruno. As bicicletas são chamadas de rígidas ou com full suspension. Uma boa bike para downhill tem que ter amortecedor, suspensão, freio de disco, pneus reforçados e um quadro resistente à quedas. Para montar uma bicicleta apropriada, os praticantes gastam entre R$ 1.000 e R$ 2.000. "Quanto melhor a qualidade das peças, melhor os saltos, corridas e manobras. Fazemos de tudo para ter uma bike sempre melhor", comenta Bruno que prefere se arriscar em trilhas do que no asfalto.

 

Com uma média de idade entre 15 e 20 anos, o grupo conta hoje com mais de oitenta integrantes. Para facilitar a comunicação, eles criaram o grupo "Bike Ilha" no facebook. Diariamente pela página, os ciclistas organizam os passeios pela, chamados de "rolês de bike", além de trocar dicas de manobras ou vender e trocar peças para incrementar a bicicleta.

 

A diversão já virou coisa séria para Gabriel Lopes de 16 anos. O ciclista começou a se arriscar nas manobras há dois anos e já alcançou bons resultados nos campeonatos de moutain bike pelo Rio. Em novembro do ano passado, Gabriel ficou em primeiro lugar no torneio de moutain bike realizado no Complexo do Alemão. "O circuito era nas ruas do morro, tinha que descer em alta velocidade e passar pelos obstáculos das próprias ruas. Foi acirrado, tinham mais de 50 competidores", conta Gabriel que além do troféu, foi premiado com um celular e um par de pneus. Gabriel também foi campeão estadual em 2011 e tem o nome na lista do ranking dos melhores atletas da modalidade no Rio.

 

Há quem goste de fazer trilhas e quem goste de praticar no asfalto, caso de Emerson Silva, de 18 anos, que define seu estilo como "street''. "Quando tinha 12 anos, vi um menino empinando uma bike na minha rua e quis tentar também, de lá pra cá não parei, mas prefiro praticar pela rua", diz.

 

O "rolê" preferido dos meninos é em Tubiacanga. Próximo a pista de motociclistas, o grupo conseguiu montar uma pista para fazer as manobras de mountain bike. "Juntamos dinheiro e alugamos um trator que fez o serviço para gente, além disso, a gente também organiza uns passeios para Niterói, sempre em busca de novos obstáculos", comenta Bruno.