Gente da Ilha

Uma insulana de fibra aos 100 anos

Completou 100 anos de idade no dia 3 de fevereiro a insulana Joventina Assumpção, natural de Maués, no Amazonas, filha de nordestinos, cujo pai era o seringueiro Joaquim Assumpção e a mãe, Germina Aranha, mulher guerreira que defendia a família contra ataques de onças, à bala.


10/03/2017 - Edição 1823

Completou 100 anos de idade no dia 3 de fevereiro a insulana Joventina Assumpção, natural de Maués, no Amazonas, filha de nordestinos, cujo pai era o seringueiro Joaquim Assumpção e a mãe, Germina Aranha, mulher guerreira que defendia a família contra ataques de onças, à bala.  Dona Joventina é o elo mais forte da família Assumpção. Do alto da sua vida centenária a matriarca é um símbolo de orgulho para as quatro gerações que levam em suas veias o sangue forte de uma guerreira. Entrevistada pelo Ilha Notícias ela relembra com extrema lucidez momentos da infância. — Eu nadava em rios de águas cristalinas, brincava com índios, pescava e caçava na floresta amazônica. Aos dez anos, após a morte da mãe, a Joventina foi com o pai para Natal e lá cresceu com a irmã Laura. Tempos depois, casou-se com Francisco Alvares e teve quatro filhos: Francisco, Nacira, Edson e Neto. A família se manteve com dificuldades e sobrevivia praticamente do dinheiro que Joventina ganhava trabalhando em feiras vendendo frutas e legumes, porque o marido não era muito presente. Orientada pela irmã Laura e por Augusto, cunhado que era oficial do exército, Joventina permitiu aos filhos migrarem para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades melhores. Depois, por questões particulares, a matriarca também veio para Cidade Maravilhosa, indo morar em Nilópolis. Tempos mais tarde, Francisco e Nacira, filhos que residem na Ilha, convidaram a mãe para morar na região. Ela veio e inicialmente ficou entre os bairros das Pitangueiras e Cova da Onça.  O filho Francisco Assumpção, que na década de 90 foi Administrador Regional da Ilha, conta que acolheu a mãe em sua casa onde ela está até hoje. “Eu morava nas Pitangueiras, mas minha irmã Nacira tinha filhos pequenos nessa época e aí mamãe ficou morando um período com eles colaborando na criação das crianças. Depois, quando mudei para uma casa grande no Cocotá, pedi que ela ficasse comigo — disse orgulhoso e feliz com a fibra da mãe que é referência em todos os sentidos. Evangélica, Joventina sempre tem uma palavra de conforto e mensagem de estímulo com quem conversa. Diz que é uma pessoa realizada e se sente feliz por ter uma família grande e unida. — Temos uma relação de amor muito fraterna. Tive a dádiva de criar muitos netos, são dez ao todo. Depois vi os meus 18 bisnetos chegarem e agora estou vendo os tataranetos, que já são três — disse com alegria e a vida prossegue tendo nela um modelo de cidadã que vibra com a idade que tem e cuja experiência tem muitas história para contar. Vida longa e com saúde, para essa insulana que quando chegou à Ilha nos idos de 1967, curtia caminhar pelas praias da Ilha, região que ama.