Gente da Ilha

Gladimir tem a vida ligada a União

A história de Gladimir Vieira, 47, pode ser resumida em uma palavra: superação. Insulano nato e morador das Pitangueiras, quando criança suas brincadeiras preferidas eram jogar futebol, rodar pião, bola de gude e soltar pipa. Nessa época, Gladimir morava junto com o pai Almir e a mãe Guaracini, no Cacuia, a poucos metros da sede da União da Ilha, na Rua Copiúva.


12/02/2016 - Edição 1767

Desde 1979 Gladimir colabora com a União da Ilha, sua escola de coração
Desde 1979 Gladimir colabora com a União da Ilha, sua escola de coração
A história de Gladimir Vieira, 47, pode ser resumida em uma palavra: superação. Insulano nato e morador das Pitangueiras, quando criança suas brincadeiras preferidas eram jogar futebol, rodar pião, bola de gude e soltar pipa. Nessa época, Gladimir morava junto com o pai Almir e a mãe Guaracini, no Cacuia, a poucos metros da sede da União da Ilha, na Rua Copiúva. — Aos 10 anos eu colaborava com a agremiação consertando o telhado da antiga quadra. Sentia-me muito útil à União da Ilha. O tempo passou e aos 15 anos comecei a desfilar empurrando carros alegóricos. Aos 18 anos, fui convidado pelo Mestre Bira a tocar surdo de marcação. Aquilo para mim era o máximo, uma emoção indescritível. O Bira saiu e veio o mestre Odilon que me ensinou a tocar tamborim — disse Vieira. Aos 19 anos o ritmista passou para um concurso da Força Aérea Brasileira e aos 22 formou-se terceiro sargento. Vaidoso e cheio de planos, Gladimir sofreu um golpe do destino que o fez pensar em desistir de tudo, inclusive da vida. — Eu fui fazer manutenção no sistema de iluminação em um hangar na Base Aérea do Galeão e quando estava à cerca de 10 metros de altura recebi uma descarga elétrica que me jogou longe e desse dia em diante fiquei paraplégico — contou o ritmista. O tempo passou e com a ajuda de fisioterapeutas, psicólogos, familiares e amigos, Gladimir voltou a frequentar a União da Ilha e, apoiado por Mestre Paulão, passou a tocar chocalho. “Foi um momento emocionante. Lá estava eu, de novo, na bateria, sentindo a vibração dos instrumentos e o melhor de tudo, sorrindo outra vez”, disse emocionado. Recentemente Mestre Ciça, atual diretor de bateria da União, convidou Gladimir a formar uma ala só com cadeirantes tocando maraca.  — Eu gostaria. Acho que seria bem interessante ter tocadores de maraca à frente da bateria. Acredito que além de colaborar com o som da nossa escola, é possível que, simultaneamente  consigamos resgatar pessoas que por ventura estejam em uma cadeira de rodas e não interajam com o mundo externo por vergonha. Sei que é difícil, mas Deus só nos dá o fardo que conseguimos carregar — diz emocionado.  "   Mas eu sou feliz! Graças a Deus, à minha família, aos meus amigos e, sobretudo, graças à União da Ilha", falou Gladimir, ressaltando que se pudesse pedir um presente a Deus, pediria um título à União da Ilha que o fez perceber de novo as cores, os sons, os sabores e a alegria de viver.