Gente da Ilha

Gente da Ilha - Dagoberto Leocádio de Menezes

É possível dizer que ele é um herói, afinal de contas participou da 2ª Grande Guerra Mundial lutando na infantaria brasileira. Com 97 anos, Dagoberto Leocádio de Menezes, morador do Moneró, tem memória de menino, guarda nomes, datas e conta estórias com riqueza de detalhes.


12/06/2015 - Edição 1732

Ao lado da companheira Neuza e do filho Dagoberto, o ex-combatente recebe o carinho da família
Ao lado da companheira Neuza e do filho Dagoberto, o ex-combatente recebe o carinho da família
É possível dizer que ele é um herói, afinal de contas participou da 2ª Grande Guerra Mundial lutando na infantaria brasileira. Com 97 anos, Dagoberto Leocádio de Menezes, morador do Moneró, tem memória de menino, guarda nomes, datas e conta estórias com riqueza de detalhes.   Baiano nascido em Salvador, veio para o Rio de Janeiro com 15 anos para realizar o sonho de conhecer a Cidade Maravilhosa e foi morar com um tio que era médico, no bairro do Riachuelo.  Logo ao chegar ao Rio, Dagoberto foi trabalhar na Casa Edson, uma loja tradicional, no Centro da Cidade, que vendia instrumentos musicais. Por motivos particulares o convívio com o tio não deu certo e o menino buscou auxílio em uma pensão onde trabalhou como atendente e jardineiro.   Ao completar 18 anos, o jovem Dagoberto alistou-se no exército brasileiro e foi servir no 1º Batalhão de Infantaria Motorizada, em Deodoro. Nesse período o mundo passava por muitas guerras, foi quando em 1944 o então soldado Dagoberto, foi convocado pela Força Expedicionária Brasileira para lutar na Itália e combater os alemães.   — Ao chegar a Nápoles ficamos vinte dias treinando e nos adaptando ao terreno. Minha missão era fazer patrulhas durante a noite para saber o posicionamento dos alemães. Tínhamos que ter muito cuidado com eles, pois suas armas eram mais poderosas que as nossas.  — disse o ex-combatente que viveu momentos de terror quando mísseis caíram sobre o acampamento em que estava e muitos amigos foram capturados ou mortos.    Terminada a guerra Dagoberto retornou ao Brasil e foi promovido a cabo. Ele relembra emocionado a recepção: “Desfilamos na Avenida Rio Branco e fomos recebidos pelo então Presidente da República Getúlio Vargas. Foi uma homenagem calorosa, as pessoas jogavam flores em cima da gente. Foi muito bonito”, conta o orgulhoso baiano.   Mesmo após a guerra, Dagoberto continuou no exército onde fez carreira e chegou ao posto de 2º Tenente. Casou-se e teve quatro filhos, sendo dois já falecidos. Depois de 22 anos de matrimônio o militar se separou e após a separação conheceu Neuza Gomes Ribeiro, mulher com quem vive há 35 anos.    Em 1983 veio morar na Ilha do Governador e se encantou com a região.    — Encontrei um lugar de pessoas tranquilas, comércio amplo, natureza exuberante. Decidi então que terminaria meus dias aqui — comentou o bom combatente que considera a região uma das melhores do Rio de Janeiro, faz críticas apenas para os transportes públicos que segundo Dagoberto não acompanharam a evolução da região.   Com quase um século de experiência o patriarca da família Menezes se diz feliz. “Tenho uma vida agradável. Mesmo tendo vivenciando os horrores de uma guerra, entendo que foram dias de aprendizado. Sinto-me realizado e feliz com o que conquistei. Procuro tratar as pessoas que me cercam da mesma forma como sou tratado. Sempre com muito respeito”, conclui Dagoberto Menezes, o nosso herói.