Gente da Ilha

Ubirajara dá exemplo de honestidade

Trabalhando como cobrador de ônibus há quase dois meses, o insulano Ubirajara Moreira de Oliveira não mediu esforços para devolver a carteira que um passageiro esqueceu num banco do coletivo da linha 512 (Urca x Leblon).


29/08/2014 - Edição 1691

Cobrador de ônibus, Ubirajara devolveu a carteira de um passageiro
Cobrador de ônibus, Ubirajara devolveu a carteira de um passageiro
Trabalhando como cobrador de ônibus há quase dois meses, o insulano Ubirajara Moreira de Oliveira não mediu esforços para devolver a carteira que um passageiro esqueceu num banco do coletivo da linha 512 (Urca x Leblon).   — Não esperava que a minha ação tivesse repercussão. Acho que deveria ser uma prática comum a todos. Pensei que se fosse comigo, ficaria muito chateado e gostaria que alguém me devolvesse. O passageiro e a esposa entraram no ônibus no final da tarde de domingo (17) e me perguntaram onde poderiam descer para ficar próximo ao shopping Leblon. Disse que os avisaria quando o ponto chegasse e conversamos um pouco — explicou Ubirajara, que antes trabalhava como mecânico de automóveis.   Poucos minutos depois que o casal desceu, o cobrador viu a carteira no banco.  Guardou e continuou com a viagem até o ponto final, onde comentou com os colegas.    A carteira com documentos pessoais, cartões de crédito e R$ 1.200 pertencia a Dirceu, um engenheiro gaúcho que estava passeando no Rio com a esposa. Morador do Galeão há 14 anos, Ubirajara conta que quando notou a carteira perdida, imaginou o quanto seria ruim alguém perder um objeto tão importante.   Após checar no ponto final do ônibus se o passageiro havia procurado pela carteira, resolveu tentar encontrar o hotel onde o turista estava hospedado.   — Ao final do expediente, resolvi procurar o hotel que ele estava no Leblon. Fui à recepção de dois, mas não tive sucesso. Procurei alguma pista na carteira e achei o cartão de hospedagem do Hotel Marina — comenta Ubirajara, que tem 39 anos.   Ao chegar ao hotel, Ubirajara conta que nem o recepcionista conseguia acreditar. “Ele chamou o hóspede que desceu com a esposa, ficou surpreso e me agradeceu muito. Fui embora rápido, porque ainda tinha que prestar contas na empresa e já passava das 21h. Ele tentou me oferecer parte do dinheiro como gratificação, mas não tinha motivos para aceitar. Só queria devolver o que era dele”, ressaltou.   Ubirajara morou boa parte da vida na comunidade Nossa Senhora das Graças, o Boogie Woogie, e tem dois filhos: Rafael, com 21 anos e André, de 20. O caçula é pai da netinha Micaelly, de um ano e três meses. Casado com Soélia Silva de Freitas há oito anos, o cobrador ganha por mês R$ 1.089. “Trabalho na parte da tarde e de manhã estou treinando para me tornar motorista de ônibus”, disse.   O casal de turistas, Dirceu e Fátima fizeram questão de encontrar Ubirajara novamente para reiterar os agradecimentos e elogiar a atitude.    — Fiquei feliz de poder ajudá-los. Recebi algumas críticas de gente que achava que eu deveria ter ficado com o dinheiro, mas para mim não existe essa história de que “achado, não é roubado”. Não faz parte dos meus valores e não é isso que ensino aos meus filhos — revela o insulano Ubirajara, que com a atitude deu um belo exemplo de caráter e honestidade.