Gente da Ilha

Trocador de van leva alegria ao trabalho

Trabalhando há 15 anos como trocador de van, o insulano Bruno Gama de Souza se tornou um personagem na rede de transporte alternativo da região. Não há passageiro que não se divirta ou ache curioso o jeito criativo que Bruno usa para chamar o itinerário dos Bancários até Bonsucesso. Hora com uma voz fina, comuns aos personagens gays, hora com voz grossa, interpretando um típico machão, Bruno arranca gargalhadas e conquista os passageiros para as viagens, com educação e simpatia.


30/03/2012 - Edição 1565

Brincalhão, Bruno se tornou popular e consegue atrair passageiros com seu jeito descontraído de trabalhar
Brincalhão, Bruno se tornou popular e consegue atrair passageiros com seu jeito descontraído de trabalhar

Trabalhando há 15 anos como trocador de van, o insulano Bruno Gama de Souza se tornou um personagem na rede de transporte alternativo da região. Não há passageiro que não se divirta ou ache curioso o jeito criativo que Bruno usa para chamar o itinerário dos Bancários até Bonsucesso. Hora com uma voz fina, comuns aos personagens gays, hora com voz grossa, interpretando um típico machão, Bruno arranca gargalhadas e conquista os passageiros para as viagens, com educação e simpatia.

 

"São 12h de animação", diz Bruno sobre a sua rotina diária. Das 6h até 20h, com um intervalo para o almoço, o trocador faz sete viagens dos Bancários até Bonsucesso e não perde o bom humor em nenhuma. O trocador conta que o jeito diferente para chamar os passageiros começou como uma brincadeira.

 

– Em uma viagem eu brinquei em alguns pontos chamando desse jeito e atrai muitos passageiros. Desde então não parei mais. Os trocadores ganham comissão por cada passagem paga e é por isso que há disputas nos pontos para ganhar os passageiros. Com essas minhas brincadeiras, os passageiros passaram a me conhecer e a optar por fazer a viagem comigo, além de sempre conquistar novos – conta Bruno que transporta em média 270 passageiros diariamente.

 

O bom trabalho também atrai os motoristas que ficam sempre de olho caso Bruno precise trocar de van. "Trabalho há mais de dez anos só nessa linha dos Bancários, mas hoje em dia, sei que se precisar sair, não fico desempregado, pois todos reconhecem que eu trabalho com dedicação, graças a Deus", comenta.

 

O jeito de falar e os bordões que Bruno cria ou aproveita de personagens humorísticos e de novelas da TV, renderam a ele um apelido: Penélope Charmosa. Já quando Bruno faz o seu tipo machão com voz grossa, muitos perguntam sobre qual é a sua opção sexual.

 

– Muita gente fica na dúvida "Será que ele é ou não é?", e eu sempre respondo a verdade, que sou sim homossexual assumido. Só que quando eu faço a voz grossa é tão convincente que já teve uma passageira que não acreditou que eu era gay, foi muito engraçado – lembra.

 

Nascido e criado nos Bancários, Bruno conta que começou a trabalhar com 12 anos para ajudar nas despesas da família em casa. "Sou filho único e cresci sem pai, a renda era pouca para o sustento da família e eu comecei a trabalhar como trocador. Até hoje sou parceiro da minha mãe nas despesas com a casa", diz Bruno que mora com a mãe Mônica e o avô Luiz e com o trabalho na van ganha R$ 1500 por mês.

 

Para Bruno, uma das dificuldades do transporte alternativo na Ilha é a quantidade de vans e kombis piratas. "Para quem trabalha legalizado, a pirataria atrapalha e são as maiores responsáveis pelas queixas que os insulanos fazem do serviço. Acho que deveria ter mais fiscalização na Ilha", diz.

 

Em dezembro, Bruno sempre é prestigiado pelos passageiros que viajaram com ele o ano todo. "Sempre ganho presentes como camisetas e até já ganhei um relógio, fico muito emocionado. A caixinha também sempre é gorda e já teve passageiro que colocou 50 reais! O meu final de ano é muito feliz, é uma honra ter praticamente um décimo terceiro recebido por passageiros que gostam do meu serviço", comentou esse insulano que descobriu um modo divertido de se valorizar na sua profissão.