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Peixes e camarões deixam águas da Z-10

Pescadores sofrem com vazamento de óleo de rebocador que naufragou


14/11/2019 - Edição 1963

Muitos barcos estão parados desde o naufrágio
Muitos barcos estão parados desde o naufrágio

Após o naufrágio de um rebocador da Marinha do Brasil, próximo a Ponta do Matoso, onde funciona o Terminal de Petróleo de Estação Rádio da Marinha, no início da última semana, pescadores da Colônia Z-10 amargam prejuízos financeiros. De acordo com eles, houve vazamento de óleo diesel proveniente da embarcação que provocou o afastamento de peixes e camarões da foz do Rio Jequiá, região onde dezenas de pescadores tiram o sustento de suas famílias.

O naufrágio foi confirmado em nota da Marinha que garantiu ter acionado, logo após o acidente, um plano emergencial que incluiu a colocação de linhas duplas de barreiras de contenção e barreiras absorvedoras. No entanto, durante a semana, diversas manchas ainda foram vistas nas imediações, e exibidas por um vídeo nas redes sociais.

— Nossa pesca é artesanal, é no braço, no remo. Estamos na época do camarão e desde o acontecido, os camarões migraram para outros locais e fomos prejudicados. A dimensão do prejuízo financeiro é muito grande. Por dia estávamos pescando em média 20kg de camarão, e conseguíamos vender o quilo por R$ 40. É uma situação complicada. Agora, temos que percorrer um trajeto maior, no remo, para chegar a outras praias que não foram afetadas e ainda enfrentar concorrência — conta Thiago Caiçara, pescador há 20 anos.

Faquir (ao centro) com um grupo de pescadores lamentam os prejuízos sofridos

Durante os dias que alguns pescadores não conseguiram sair para a pesca a Associação de Moradores da Colônia Z-10, cujo bairro é considerado a primeira colônia de pescadores do Brasil, fundada em 1920, decidiu, através do seu presidente Wilson Rodrigues, o Faquir, e um grupo de moradores doar cestas básicas aos pescadores mais necessitados. Agora, segundo Faquir, a intenção é ter uma reunião com a Marinha para sugerir um plano de prevenção para evitar novos desastres.

— O lema da nossa Colônia é pátria e dever. Queremos ser úteis à Marinha e trabalhar em conjunto para monitorar a Baía de Guanabara. Afinal é de onde os pescadores tiram o sustento. Esse vazamento causou prejuízos à economia dos pescadores e prejudicou a fauna e flora do manguezal. Colocamos nosso braço à disposição para juntos cuidarmos da Baía — disse Faquir, que quer ser ouvido pela Marinha.

Segundo a Marinha, o monitoramento de áreas e praia próximas ao naufrágio está sendo feito diariamente e ainda não foi identificado indícios de poluição hídrica.