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Passageiros denunciam sumiço do 901

Linha de ônibus deixa usuários da Pitangueiras, Zumbi e Ribeira na mão


10/10/2025 - Edição 2271

Moradores dos bairros de Pitangueiras, Zumbi e Ribeira vêm enfrentando um verdadeiro sufoco para se locomover. A ausência do ônibus 901, linha que liga a região a Bonsucesso e passa por diversos bairros da região, tem deixado dezenas de usuários que dependem do transporte público na mão, obrigando muitos a usar carros de aplicativo, vans escassas ou longas caminhadas até outros pontos. 

Quem vive nessas localidades relata que esperar o 901 virou um exercício de paciência e incerteza. “A gente fica no ponto por mais de uma hora sem saber quando o ônibus vai aparecer. Quando passa, é quase um milagre. Do jeito que está, parece que esqueceram da gente”, reclama Fernanda Araripe, moradora das Pitangueiras, que depende da linha para levar o filho à creche. 

O problema não é novo. O 901 sempre foi uma das poucas opções para quem precisa circular pela Praia das Pitangueiras ou Ribeira e ir em direção a outros bairros da região. Com a irregularidade do serviço, o 327 passou a ser a única alternativa viável — ainda que também com intervalos longos entre as viagens. Já o 324, outra linha da Ribeira, segue um trajeto completamente diferente, que passa pela Praia da Bica, saindo já próximo ao Hospital Evandro Freire, o que não atende os moradores, cujo destino são outros bairros da Ilha, como Jardim Carioca, Cocotá e Cacuia, entre outros.  

— Pra quem mora nas Pitangueiras e no Zumbi é uma luta diária. Às vezes espero o 901 e desisto, porque não tem hora pra passar. Quando consigo pegar o 327, o ônibus vem cheio. A sensação é de abandono - lamenta o morador Lucas Souza. 

A situação se agravou nos últimos anos com o desaparecimento das antigas linhas 934 e 935, que faziam o percurso circular dentro da Ilha, conectando praticamente todos os bairros. Com o fim dessas linhas, o 901 e o 327 ficaram sobrecarregados. 

Para muitos passageiros, o problema ultrapassa o desconforto. “Tem gente que depende da condução para trabalhar, levar filho à escola, ir a consultas. Não dá pra viver sem transporte público. A Ilha é grande demais pra ficar à mercê de duas linhas que quase não passam”, afirmou o morador André Lima. 

Enquanto a rotina de quem vive nas Pitangueiras, Zumbi e Ribeira segue marcada por longas esperas nos pontos, cresce a cobrança por providências. Moradores pedem que a empresa responsável que normalize a circulação do 901 e que o poder público fiscalize o cumprimento dos horários e itinerários. “A gente não quer privilégio, só quer que o ônibus volte a passar como antes”, resume Marcos Felipe Alves, morador das Pitangueiras.