Opinião

Opinião - José Richard

O transporte público precisa de incentivo


Por José Richard

07/05/2021 - Edição 2040

Uma das estratégias mais recomendadas pelos especialistas para ajudar a diminuir o contágio pelo coronavírus é o distanciamento social, fato que implica em estar distante das outras pessoas cerca de dois metros. Mas essa recomendação é impossível de ser obedecida nos transportes públicos como, por exemplo, nos ônibus, como todo mundo sabe. Na realidade, nesses transportes o que acontece são verdadeiras aglomerações institucionalmente proibidas em qualquer outro lugar da cidade desde que começou a pandemia.

O contraste entre o que é permitido, no rigor das regras de ouro, e a realidade de quem precisa utilizar diariamente os ônibus, como é o caso dos trabalhadores da Ilha do Governador que não podem contar com a opção das barcas que estão praticamente inoperantes, a saída é enfrentar as aglomerações dentro dos ônibus lotados, indo por água abaixo todos os demais esforços e cuidados para evitar o contágio.

Nos ônibus muitos passageiros não usam máscaras e outros estão se lixando para a saúde do próximo. De modo que, não resolve proibir festas e criar procedimentos para entrada das pessoas em shopping e lojas, por exemplo, se os funcionários e clientes usam o transporte público lotados nos deslocamentos. Só Deus para proteger do provável contágio e é uma grotesca incoerência.

Com as frotas reduzidas diante da diminuição da demanda, as empresas de ônibus deveriam fazer parte de um plano de incentivos financeiros para obrigar o uso de toda frota e até estimular a compra de novos veículos, de modo a proporcionar à população mais ônibus nas ruas para viabilizar viagens com metade da lotação, com distanciamento, e uma rigorosa fiscalização para uso da máscara.

Quantas vítimas se contaminaram dentro dos ônibus é uma conta incalculável. Qualquer investimento governamental para colocar mais ônibus nas ruas seria pouco diante das vidas que já poderiam ter sido poupadas. Mas o que se faz é justo o contrário, por absoluta falta de discernimento com a realidade.