Opinião

Opinião - José Richard

Os bondes deixaram saudades na população da Ilha


Por José Richard

29/01/2021 - Edição 2026

Muitos leitores se manifestaram positivamente sobre a matéria publicada há duas semanas sobre os bondes que circularam na Ilha do Governador de 1922 até 1965. Alguns saudosistas garantem que tiveram o privilégio de viajar nesses famosos veículos de transporte público e não entendem porque acabaram com eles e que poderiam estar circulando ainda hoje.

Era seguro andar de bonde. Eles não imprimiam grande velocidade e os trilhos evitavam alguma barbeiragem dos motorneiros — nome como eram conhecidos os condutores dos bondes. Havia três tipos de bondes que circulavam sem portas e alguns nem possuíam janelas, além disso eram bem arejados, diferente de muitos ônibus de hoje cujas janelas são lacradas.

A matéria sobre os bondes, publicada na edição de 15 de janeiro do Ilha Notícias, é de autoria do excelente professor de História, Juberto Santos, um jovem insulano dedicado a pesquisar a história da região e que periodicamente publica no Ilha Notícias textos sobre fatos relevantes do passado insulano. Em breve ele vai escrever sobre curiosidades da vida da família imperial na Ilha.

É importante observar na matéria dos bondes que eles deixaram saudades na população. Foi um erro político o governo estadual tê-los retirado de circulação. Segundo o professor Juberto, um daqueles bondes foi comprado pelos americanos e ainda hoje circula em uma cidade dos EUA num roteiro turístico. Prova que ainda seriam muito úteis e era o que podiam estar fazendo na Ilha até hoje, trafegando pelo trajeto plano e agradável da orla entre a Ribeira e o Bananal. Aliás, atualmente é em parte desse trajeto Pitangueiras e Praia da Bandeira onde os insulanos mais reclamam ao jornal pela absoluta falta de condução. Não tem linha de ônibus nem vans que passam por lá. Um absurdo!

É claro que os tempos são outros. Hoje a maioria dos motoristas não respeitam sinais de trânsito e as ruas vivem abarrotadas de carros circulando e estacionados dos dois lados das ruas, como na Monjolos e Visconde de Lamare. Confusão total!

Mas, sem ser nostálgico, a linha de bondes Ribeira, Zumbi, Pitangueiras, Praia da Bandeira, Cocotá até o Bananal faz muita falta. Dá uma sensação de perda cultural, e a sua retirada um ato de irresponsabilidade absurda, principalmente porque a população não foi consultada.

Hoje resta o velho prédio da estação dos bondes no Cocotá, como prova histórica. Uma pena!