Opinião

Opinião - José Richard

Crise no estaleiro Eisa afeta todos os insulanos


Por José Richard

21/08/2020 - Edição 2003

Há cerca de cinco anos o Estaleiro Ilha, localizado nos Bancários, demitiu perto de 3,5 mil trabalhadores e ficou claro que a empresa vivia um tempo de graves dificuldades financeiras. A partir de então muitas contas não foram pagas pela empresa provocando a quebra de fornecedores e os antigos trabalhadores sofrem até hoje pelos salários que não foram pagos.

O Eisa substituiu o antigo estaleiro Emaq que durante a sua existência construiu diversos navios e durante muitos anos empregou uma média de 3 mil trabalhadores que construíram suas vidas na Ilha do Governador. Foram brasileiros vindos de outras regiões que trouxeram suas famílias e fincaram pé na Ilha, lugar em que nasceram muitos insulanos da gema. Foram tempos cujo clima era de desenvolvimento, e mais de uma dezena de lançamentos festivos de grandes embarcações no estaleiro que era um dos maiores do país.

As instalações da empresa, localizado no final da Avenida Ilha das Enxadas, ocupa uma planta industrial importante que pode ser revitalizada por um governo interessado num dos próximos ciclos de renovação da indústria naval. No entorno estão pequenos negócios e centenas de residências que fazem parte do complexo dos Bancários, cujos moradores também sofrem com o declínio do estaleiro. Aliás, todos nós insulanos perdemos muito com a má gestão e picaretagem dos gestores do Eisa. A economia local, sobretudo os lojistas e pequenos negócios, escolas, serviços de saúde e todo conjunto de atividades que movem a vida na região foram penalizadas pela falência do estaleiro.

A ação da PF prendendo os dirigentes suspeitos acusados de pagar propina para ter vantagem em negócios e navios que não entregaram, não recupera os ativos nem as perdas irreparáveis à empresa e aos ex-funcionários que ainda vivem noites de pesadelos, mas cria a expectativa que alguma coisa possa mudar na empresa, com novos dirigentes e projetos sérios. Que o Eisa se recupere nas mãos de gente honesta e competente. É a nossa esperança.