26/09/2025 - Edição 2269
O trânsito na Ilha do Governador vive um colapso silencioso e perigoso, provocado principalmente pela forma como muitos motociclistas se comportam nas ruas da região. A impressão é de que, para boa parte deles, as leis de trânsito não passam de um detalhe irrelevante. Ultrapassagens pela direita, pela esquerda ou até mesmo entre os carros viraram regra nas ruas. Ou seja: a regra é não ter regra. Enquanto isso a buzina estridente se transformou em um instrumento de intimidação, obrigando motoristas e pedestres a se adaptarem ao caos.
O problema, porém, vai além da imprudência individual. A falta de fiscalização sistemática cria um ambiente de permissividade que só aumenta a sensação de impunidade. É comum ver motos sem placa, condutores sem capacete ou qualquer equipamento de proteção, e ainda motociclistas avançando sinal vermelho em alta velocidade, colocando em risco a vida de todos.
As faixas de pedestres, que deveriam ser áreas de segurança, tornaram-se pontos de medo. Até mesmo as calçadas, espaço destinado ao cidadão, foram tomadas por motos em todas as direções, reduzindo os moradores a meros obstáculos. Não há sequer respeito aos idosos, crianças ou pessoas com mobilidade reduzida, que se tornaram as maiores vítimas potenciais dessa selva de pedra sobre duas rodas.
Esse cenário não se restringe ao risco físico. O barulho constante de motores adulterados e escapamentos ensurdecedores, especialmente durante a noite, compromete o descanso de trabalhadores e suas famílias. A vida na Ilha, em diversos bairros, que deveria oferecer qualidade e tranquilidade, está sendo minada por um trânsito anárquico de motos que desafia qualquer lógica civilizada. A prudência perdeu espaço para a imprudência cotidiana.
O poder público, por sua vez, assiste de longe, enquanto os cidadãos seguem vulneráveis, convivendo diariamente com a ameaça de um acidente a qualquer momento. A ausência de ações concretas no trânsito expõe nas ruas a inexistência de um sistema atuante de fiscalização e reforça a sensação de que o cidadão é um mero expectador da sua própria fragilidade.