Opinião

Opinião – José Richard


08/08/2025 - Edição 2262

A ligação marítima entre o Cocotá e a Praça XV, no Centro do Rio, deveria ocupar lugar de destaque no planejamento de mobilidade urbana da cidade. No entanto, o que se vê é exatamente o oposto, um sistema abandonado pelo governo do Estado, operando de forma precária e ineficiente, como se o objetivo fosse justamente o seu esvaziamento. A dificuldades das autoridades estaduais em resolver essa questão penaliza os moradores da Ilha, que enfrentam uma rotina de deslocamentos longos, desconfortáveis e perigosos. 

O potencial das barcas como meio de transporte para os insulanos é inegável. Trata-se de uma alternativa lógica e natural para quem vive numa ilha, e que poderia oferecer viagens tranquilas e rápidas, longe do estresse das vias expressas e do caos viário. Enquanto isso, quem depende dos ônibus se depara com congestionamentos constantes na Estrada do Galeão, corre riscos ao trafegar pela Linha Vermelha e ainda enfrenta veículos lotados, desconforto, barulho, calor e até ameaças à própria segurança. 

Transformar o transporte marítimo numa verdadeira opção exige mudanças para a solução óbvia. No entanto, é preciso vontade e visão estratégica para aperfeiçoar o sistema urbano local de transporte de passageiros pela Baía de Guanabara. Reativar plenamente e modernizar a linha Cocotá–Praça XV para funcionar durante diariamente entre às 6h e 22h é uma medida de bom senso, que contribuiria para desafogar o trânsito, reduzir emissões de poluentes e, principalmente, valorizar o direito à mobilidade digna para milhares de moradores. 

Não se pode aceitar que uma ligação tão estratégica seja negligenciada quando tanto se fala em integração de modais, sustentabilidade e qualidade de vida. A Ilha do Governador merece mais. E o transporte por barcas, é parte essencial da solução no transporte para grande parte dos insulanos. 

Precisamos embarcações modernas e, no mínimo, viagens de hora em hora.