Opinião

Opinião – José Richard


03/05/2024 - Edição 2196

A falta de uma linha regular de barcas ligando a Ilha do Governador ao Centro da cidade é uma questão absolutamente inaceitável. Afinal a região tem cerca de 260 mil habitantes e boa parte trabalha em diversos bairros fora da Ilha, em regiões em que obviamente a ligação direta por barcas ao Centro da cidade é muito importante para conexões e deslocamentos. A opção da ligação marítima é um privilégio dos insulanos que precisa funcionar. E funcionar muito bem. Afinal, qual a dificuldade?  

A única saída da Ilha é a Estrada do Galeão onde qualquer pneu furado, blitz ou obras – como agora a da Light – provocam congestionamentos que prejudicam tanto quem está no carro particular, que certamente vai chegar atrasado nos compromissos, mas sobretudo os passageiros dos coletivos que sofrem com o calor e, na maioria das vezes, nos horários de pico são obrigados a suportar a lotação e viajar em pé. 

A verdade é que a concessionária CCR não tem mais interesse no negócio e tem feito de tudo para se desfazer da responsabilidade. Durante a pandemia, os serviços foram suspensos e logo após a empresa colocou apenas três horários no início da manhã e três para a volta no final da tarde. Tudo para o insulano esquecer de usar as barcas. 

E foi o que aconteceu. Nos dias de hoje, poucos moradores ainda reclamam das barcas. E deixaram de reclamar porque deixaram de utilizar o serviço. Onde está esquecido algum movimento popular pedindo melhores serviços das barcas? Com essa estratégia, a CCR está conseguindo seus objetivos para inviabilizar de vez o sistema de transporte marítimo de passageiros entre a Ilha do Governador e o Centro. O serviço, que deveria ser uma opção, está agora como eles querem – péssimo - e com a passagem nas alturas: R$ 15,40 ida e volta. 

Ninguém mais reclama das barcas, não porque o serviço está funcionando bem, mas porque o transporte é caro demais, seus horários não atendem aos passageiros e pior, caiu no esquecimento. Uma pena!