União da Ilha

Entrevista com o presidente Djalma Falcão

Presidente da União da Ilha fala sobre reforma da quadra, momento da escola, venda de títulos e outros assuntos


Por Lucas Dellatorres

28/08/2020 - Edição 2004

O presidente da União da Ilha, Djalma Falcão
O presidente da União da Ilha, Djalma Falcão

Apesar da crise e a pandemia, a União da Ilha está restaurando a quadra. Como está sendo esse processo?
Djalma Falcão - A reforma da quadra só está sendo possível graças às doações feitas por alguns sócios proprietários. O objetivo dos reparos é manter a ótima estrutura da quadra que já foi considerada a melhor do Rio. Apesar da nossa prioridade de garantir o pagamento dos fornecedores e banco, também estamos buscando realizar algumas ações de baixo custo ou de graça.

Com relação à venda de títulos, como está sendo vista e qual o objetivo?
DF - Todas as escolas estão buscando formas de atravessar a crise financeira gerada pela pandemia do coronavirus. A União da Ilha escolheu abrir a venda de títulos de sócio proprietário para trazer receita à agremiação. Mesmo com algumas pessoas criticando a atitude na internet, ninguém ainda me deu nenhum motivo plausível para não vender títulos. Dizem que não concordam e são contra a venda, mas não apresentam nenhum argumento válido. O quadro de colaboradores precisa se renovar o que não é de interesse de alguns já que querem exclusividade de direitos, o que não deve ser.

As pessoas criticam na internet e cobram atitudes para colocar a escola em destaque. Como você reage?
DF - Eu acho normal porque toda crítica é valida, mas depende de quais comentários. Recriminam, por exemplo, o encerramento dos ensaios que aconteciam aos sábados. Esses que davam prejuízo de 4 a 5 mil reais por semana. Os que reclamam são os mesmos que não compareciam ao menos em um ensaio, mas apenas no dia do desfile com a camisa de diretoria. Para alguns, a camisa de diretoria virou moeda de troca de voto. A União da Ilha talvez seja a única escola que as pessoas querem entrar de graça nos eventos, querem camarote de graça, e, se possível, ficar no camarote do presidente. Raros são os que buscam ajudar a escola. Se o presidente muda de postura e decide fechar o camarote, proíbe entrada de bebida e comida e camisa de diretoria, a coisa começa a complicar. Mas eu queria fazer da Ilha uma escola madura para disputar um título.

Qual a sua avaliação sobre a atual posição da escola?
DF - Lamento profundamente o descenso da escola e, devo explicação sim, mas ao povo do bem da agremiação, que é a maioria. Nos últimos dois anos, escolas de ponta como a Beija-flor, Grande Rio, Imperatriz e Unidos da Tijuca tiveram colocações baixas e todas se uniram para levantar seus pavilhões. Na Ilha as pessoas surgem do nada para fazer seus julgamentos. Tenho 47 anos de trabalho na agremiação e não me preocupo com comentários políticos, maldosos e com pessoas que não merecem a menor consideração. Tem gente que conta estória, tem gente que faz história. Cada um faz a sua escolha. Agora, podem correr para os seus computadores e perderem seu tempo falando de coisas que nem vou ler.