Gente da Ilha

Dona Margarida fundou torcida do Vasco

Insulana fez parte da primeira torcida uniformizada do cruzmaltino


Por Nycolas Santana

25/08/2023 - Edição 2160

Aos 89 anos, Margarida Lourenço ainda nutre uma grande admiração pelo Vasco
Aos 89 anos, Margarida Lourenço ainda nutre uma grande admiração pelo Vasco

A história da insulana Margarida Lourenço de Oliveira se confunde com a da torcida de um dos clubes mais populares do país, o Clube de Regatas Vasco da Gama. Dona Margarida participou da fundação de uma das primeiras torcidas organizadas do clube, contribuindo para a formação da apaixonada torcida cruzmaltina. 

Nascida em Lisboa, Margarida deixou sua terra natal aos cinco anos de idade, junto com sua família, para morar no Brasil e desembarcou no Rio de Janeiro. Margarida conta que inicialmente não tinha costume de acompanhar futebol, mas uma visita à sede do Vasco fez aflorar essa paixão. 

— Na época não acompanhava tanto futebol e tinha até uma simpatia pelo Fluminense. Mas um dia fui convidada para conhecer o Vasco da Gama. Conheci o clube, o Estádio de São Januário, toda a estrutura, mas quando me apresentaram a sala de troféus do clube, eu fiquei encantada. A partir daquele dia eu decidi que iria torcer para o Vasco — conta Margarida. 

A partir dessa época, ela e seu irmão Mário começaram a se reunir com outros amigos para torcer pelo clube cruzmaltino. “Nós arrecadávamos dinheiro para comprar fogos de artifício, confeccionar faixas e bandeiras, tudo para a gente fazer a festa na arquibancada”, conta Margarida, lembrando dos primeiros anos da “Torcida Organizada do Vasco”, a TOV. 

O grupo cresceu, mas por conta de algumas divergências, uma ala da torcida se separou. Então, com apoio do diretor social Álvaro Ramos, foi fundada a “Torcida Uniformizada do Vasco”, a TUV. O grupo ganhou este nome por ser a primeira torcida do clube que tinha um uniforme padronizado com as cores do clube. Margarida lembra que a torcida viajou por todo o estado para acompanhar os jogos do time de coração.  

— A gente conheceu muitos estádios por aí. Fomos ao estádio do Olaria (Rua Bariri), do Bangu (Moça Bonita), da Portuguesa (Luso-Brasileiro) e até para Niterói, quando o Vasco jogava contra o Canto do Rio. Foi uma época muito divertida para a gente! — relembra. 

Na década de 1950, Margarida precisou se afastar das atividades da torcida organizada, mas continuou acompanhando o Vasco da Gama. Entretanto, deixou um pouco de lado a veia torcedora para se dedicar à sua vida profissional. Trabalhou como secretária e datilógrafa em empresas como a Standard Elétrica, ITT Data Service e Control Data. Aos 36 anos, veio morar na Ilha do Governador, na casa da Rua Auvérnia onde criou seus filhos e vive até hoje. 

Aos 89 anos, Dona Margarida diz que não assiste mais aos jogos do Vasco pois fica “muito nervosa assistindo”, mas sempre acompanha os resultados do clube. E essa paixão e admiração pelo cruzmaltino a fazem não só ser uma insulana ilustre, mas parte da história de uma torcida. 

Dona Margarida é Gente da Ilha!