Gente da Ilha

Denise de Carvalho é a reitora da UFRJ


Por André Oliveira

05/11/2021 - Edição 2066

A trajetória de vida da médica insulana Denise Pires de Carvalho, sem dúvidas, está intimamente ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição a qual tornou-se reitora em 2019, sendo a primeira mulher a assumir este posto. São 39 anos de dedicação exclusiva à UFRJ, onde foi aluna de graduação, mestrado e doutorado, antes de transformar-se em docente em 1990. O carinho, o respeito e a fé na educação pública de qualidade, são, segundo ela, os combustíveis para seguir em frente no comando da maior universidade do país, mesmo diante das dificuldades orçamentárias.  

Filha de um casal típico dos chamados “Anos Dourados”, período da história posterior a Segunda Guerra Mundial, Denise teve na mãe Maria da Penha, que era professora primária, e no pai Gabriel, militar da Aeronáutica, alicerces que contribuíam para seus estudos. Pela descendência dos avós maternos e dos bisavós paternos, que eram imigrantes portugueses, a família continua seguindo muitas tradições típicas de Portugal. 

— Sou moradora da Ilha há 50 anos. Cheguei à região aos 7 anos e iniciei a segunda série na Escola Rotary. Desde muito cedo sempre me destaquei nas atividades escolares e fui homenageada na terceira série como a melhor aluna da escola. Lembro que, naquele mesmo ano, fiz concurso e entrei para o Colégio Brigadeiro Newton Braga. Deixei meus pais orgulhosos, até porque, o colégio tinha excelente infraestrutura, contando com laboratórios de aulas práticas de física e química e um corpo docente altamente qualificado — conta Denise, que também se destacava nas atividades esportivas tendo feito parte da equipe de natação e de voleibol do CBNB.   

Mas, engana-se quem pensa, que desde pequenina o grande desejo de Denise era cursar medicina. Durante o ensino básico, ela sempre se identificou com disciplinas da área tecnológica, como matemática, física e química. Por um momento, esteve certa de que seguiria esta carreira.  

— Cheguei a fazer teste vocacional e o resultado indicava que eu não deveria me envolver com as áreas biológicas, médicas e humanas. Tinha em mente como objetivo, aos 16 anos, cursar matemática. Ao chegar no Ensino Médio, metade da turma informava que tentaria vestibular para Engenharia e a outra metade para Medicina. Isto foi gerando uma dúvida. Cheguei até pensar na Engenharia, mas algo me tocou para área médica. Minha família comprou a ideia e comemoramos minha aprovação para o curso na UFRJ, em 1982 — conta.  

Desde então é a profissão que abraçou e tornou-se uma referência. Na UFRJ adquiriu grande experiência em gestão, onde foi diretora do Instituto Biofísica Carlos Chagas Filho, entre outros cargos de grande relevância. Aos 57 anos, seu grande sonho está bem definido. Terminar o mandato como reitora da UFRJ deixando a instituição ainda melhor de quando assumiou.  

— Quero fortalecer a UFRJ e torná-la uma das 100 melhores universidades do mundo e a primeira da América Latina. Sonho é sonho! Mas, sobretudo, quero continuar contribuindo para a formação de doutores brasileiros e um dia ainda vou ver um pesquisador do Brasil, de qualquer área, receber o prêmio Nobel, isso significará que a ciência brasileira avançou e com ela o país como todo — finaliza.