14/03/2025 - Edição 2241
A Acadêmicos do Dendê fez história no sábado (7), e conquistou o título do segundo dia de desfiles da Série Bronze garantindo o seu retorno à Série Prata do Carnaval Carioca em 2026. Com uma apresentação marcante na Avenida Intendente Magalhães, a escola insulana alcançou a terceira colocação geral, ao lado de União do Parque Curicica (campeã), Lins Imperial (vice-campeã) e Siri de Ramos.
A agremiação insulana encantou o público e os jurados com um enredo emocionante em homenagem ao ativista LGBTQIA+, David Miranda, intitulado “David Miranda: Um legado de resistência”. O reconhecimento veio com notas máximas em quatro quesitos: bateria, samba-enredo, alegorias e adereços, além de mestre-sala e porta-bandeira. O resultado coroou um ano de trabalho e dedicação e o retorno da escola, que havia sido rebaixada no carnaval de 2024, mas mostrou força para se reerguer no ano seguinte.
A comissão de frente, coreografada por Mariana Paixão, trouxe maquiagem artística, efeitos especiais e um globo luminoso, além de um componente central representando David Miranda, que exibiu ao público o nome da escola através de um livro iluminado por LED. A teatralização expressiva e sincronizada impressionou os jurados e a plateia.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Yuri Pires e Cassiane Figueiredo, apresentou uma performance tradicional e cadenciada, onde expressaram entrosamento, conexão e respeito ao pavilhão da escola. A harmonia do desfile foi um dos pontos altos, com a comunidade cantando forte do início ao fim. O intérprete Doum Guerreiro conduziu a escola com maestria, mostrando um bom entrosamento com a bateria de mestre Mumu, que apresentou paradinhas ritmadas para valorizar o samba. O presidente do Dendê, Allan Oliveira, celebrou o resultado com emoção:
— Ano passado saímos chorando. Trabalhamos duro e botamos um lindo carnaval na rua. Conseguimos o acesso para a Série Prata. Nada é fácil no Dendê, tudo é muito difícil. Peguei a escola faltando três meses para o carnaval passado, e ela acabou descendo. Senti a obrigação de recuperá-la. Algumas pessoas não acreditaram, mas eu continuei. Montei uma equipe forte, com 80% de pessoas da comunidade, e conseguimos botar a escola de volta onde ela merece.
Ainda, segundo o presidente Allan, a comunidade do samba da Ilha está mais do que convidada a participar do dia-dia da escola. Ele destacou que mesmo sendo oriunda do Dendê, é uma escola da Ilha e todos são bem-vindos. “Vamos com a mesma garra e coragem disputar em 2026 a Série Prata. Quem sabe essa prata não vira ouro?”, finaliza.