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Casos da Covid-19 seguem em alta na Ilha

Especialistas alertam para risco elevado de contaminação em aglomerações nas praias


23/12/2020 - Edição 2021

As constantes aglomerações em frente aos bancos e agências dos Correios é motivo de preocupação para as autoridades
As constantes aglomerações em frente aos bancos e agências dos Correios é motivo de preocupação para as autoridades

Em cinco dias, os bairros da Ilha do Governador contabilizaram mais 107 casos confirmados oficialmente da Covid-19. O número de casos ativos subiu para 298 e desde o início da pandemia já morreram 440 pessoas em decorrência da doença. Estes dados estatísticos fornecidos pelo painel de monitoramento da prefeitura do Rio comprovam a onda de crescimento de infectados que ocorre na região há, no mínimo, três semanas.

Este aumento, de acordo com o professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da UFRJ, indica que a velocidade com que o vírus está se propagando aumentou. A curva do contágio na cidade passou por queda durante os últimos meses, mas as medidas de flexibilização e a diminuição dos cuidados por parte da população fizeram com que acontecesse um novo pico da doença. "Mais pessoas estão se contaminando a partir de um único indivíduo infectado. A média de transmissão por casos está estourada. Diferentes eventos podem ter contribuído para isso, mas o aumento de circulação e aglomerações ajudou bastante para que isso ocorresse".

As praias da região, como a Engenhoca, a Praia da Freguesia e da Bica registraram grande quantidade de pessoas nas areias, sem o distanciamento e uso de máscaras, prato cheio para o impulsionamento na transmissão do vírus. A Guarda Municipal, inclusive, chegou a interromper um torneio de futevôlei que acontecia na Praia da Engenhoca, próximo ao Jequiá Iate Clube, que reunia aglomeração de pessoas. O epidemiologista Roberto Medronho, professor da URFJ, destaca que é a primeira vez que o Rio vai encarar a Covid-19 no verão.

— Os cariocas não costumam ficar em casa no verão, principalmente por conta do calor, mas é preciso ter fraternidade, solidariedade e mostrar esses valores ficando em casa. Vejo muitas pessoas se juntando em praias, bares, restaurantes e festas. Foi exatamente assim que a segunda onda chegou à Europa. Infelizmente, essa virose não tem característica sazonal, a transmissibilidade é elevadíssima, independente de estação — afirma.

Ao todo, a Ilha registra 4.119 casos de Covid-19 desde o início da pandemia. Os bairros do Jardim Guanabara e Jardim Carioca encabeçam a lista de maior número de contaminação e óbito com 796 e 55 e 495 e 70, respectivamente. Na última terça-feira (15), o Conselho Tutelar da Ilha fechou as portas após os funcionários testarem positivo para o coronavírus. O presidente da Associação Atlética Portuguesa, Marcelo Barros, foi outro a testar positivo para a Covid-19. Até o momento, não há sintomas graves manifestados em nenhuma das pessoas citadas acima.