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Aqueles bons tempos do bairro de Itacolomi

Na região viviam os funcionários civis da Aeroáutica


Por Juberto Santos

20/08/2021 - Edição 2055

A Rua 4 tinha muitas casas e os vizinhos eram amigos // Fotos: Ilton José Fernandes
A Rua 4 tinha muitas casas e os vizinhos eram amigos // Fotos: Ilton José Fernandes

Quem mora há pouco tempo na Ilha do Governador não conheceu o bairro do Itacolomi. Esse lugar faz parte da história insulana. O nome vem do Tupi, da junção de itá (pedra) e kunumĩ (menino) – “pequeno morro” ou “morro jovem”. Está localizado no Galeão e possuiu locais marcantes como as escolas Loreto Machado, N.Sra. do Loreto e Alberto de Oliveira, o Clube Cruzeiro, a granja, o campo Paraíso e a Praia da Coroa, entre outros.  

A região é oriunda das fazendas dos frades Beneditinos e depois das colônias de alienados, as quais se instalaram no Galeão até a década de 1920. Sobre o início de sua ocupação recente trago o relato do professor Jaime Morais: “O bairro de Itacolomi localizava-se no Galeão, sendo ocupado inicialmente por funcionários civis da Aeronáutica. Na década de 1950, o Ministério da Aeronáutica urbanizou a área e construiu uma série de residências destinadas a seus funcionários, cujo acesso era feito pela Travessa Oliveira e Rua Sete”. Assim, os poucos, a região cresceu.  

Tanto o Itacolomi quanto a área das Flecheiras foram destruídos em nome do “progresso”. Sabemos que esse fato não é novo na cidade do RJ. Prédios, igrejas, ruas, praias, praças e até morros foram derrubados na cidade ao longo do século XX para remodelar espaços, porém nem sempre trouxeram melhorias à população.  

No Itacolomi era marcante as ruas traçadas (a maioria nomeada por números), avenidas, casas residenciais com muros baixos - os vizinhos tinham muita proximidade e amizade - e portões de madeira, muitas árvores nas calçadas e quintais, além de posto policial, armazém, açougue, armarinho, igreja, escolas públicas e belas áreas arborizadas. Até andar de bicicleta era destaque na região. Tudo se foi e ficaram as lembranças. A união, a alegria e amizade entre os moradores foram sempre marcantes. 

Os moradores foram retirados a partir da década de 1970 e alocados para outros bairros distantes. Alguns se mudaram para Tubiacanga. A saída foi extremamente traumática para todos. A área foi usada para a ampliação das pistas do aeroporto. Quem possuía animais teve que se desfazer rapidamente. Depois os tratores foram devastando tudo. 

Além da destruição do patrimônio material com as demolições, houveram também perdas culturais irreparáveis dos festejos religiosos e juninos com ruas decoradas, a malhação do Judas antes da Páscoa, os blocos e bailes de carnaval, o clube de futebol do Cruzeiro, torneio de pipas e de futebol, as festas nos quintais. Tudo se foi. Ficaram muitas lembranças e poucas fotos. 

Infelizmente, essa situação pode se repetir, hoje, em outras regiões da Ilha por conta de estudos de novas expansões do aeroporto. Os insulanos merecem todo o respeito por parte das autoridades e devem ser tratados como tal. Não é possível viver nessa angústia e medo de novas remoções. Outras regiões não podem simplesmente ser descartadas como foi o caso do Itacolomi. É preciso pensar alternativas. 

Quer conhecer mais sobre essa saudosa região? Participe do grupo do Facebook “Itacolomi a Lenda”. Viva a nossa Ilha! Rica de histórias em todos os lados!